Jack Johnson faz ‘luau’ para público apaixonado em show intimista e ‘good vibes’ no Rio

Por Danielle Barbosa
FOTO: Tuiki Borges/Midiorama

Cantor havaiano ressalta a importância de um planeta sustentável e embala fãs apaixonados com muito romantismo e simplicidade.

O amor e as boas vibrações transbordaram no último domingo, 5, na Jeunesse Arena, na Barra da Tijuca. O motivo? O show do cantor havaiano Jack Johnson, que não vinha no Brasil desde 2014, e voltou repaginado para o país – apenas Rio e São Paulo – com a turnê “All The Light Above It Too”, de seu recém-lançado sétimo álbum de estúdio. Pode parecer estranho para quem está acostumado a apresentações super produzidas ou uma potência sonora maior, mas o multi-talentoso artista de fez toda a sua carreira com o mesmo conceito de simplicidade no palco e levada mais tranquila nas músicas. Foi assim que ele conquistou o respeito do público e da crítica como um dos principais nomes da folk music, com duas nomeações ao Grammy e títulos em premiações como o Billboard Music Awards e o Brit Awards.

O show do músico de 42 anos, no entanto, foi marcado para as 20h, no início da noite de um domingo de provas do ENEM, o Exame Nacional do Ensino Médio. Isso talvez explique o quão vazia a casa estava meia hora antes da apresentação, o que não é comum, e também o pequeno atraso de 15 minutos para que o show começasse. Mas, contrariando os prognósticos negativos com relação a quantidade de pessoas presentes, a arena – apesar de não ter trabalhado com capacidade máxima: mais de 15 mil pessoas -, teve o espaço bem preenchido, com poucos assentos vagos e sem grandes buracos nas pistas. Mais uma vez: indo contra toda aquela história de que música mais calma não atrai público. No ‘olhômetro’, pareceu tão cheio ou mais cheio que a apresentação do Green Day, que aconteceu quatro dias antes.

FOTO: Tuiki Borges/Midiorama

Às 20h15, Jack Johnson subiu ao palco com “You and Your Heart”, single do álbum “To The Sea”, lançado em 2010. Empolgados por estarem novamente na presença do cantor, os fãs foram bastante fieis e mostraram conhecer não só os grande sucessos radiofônicos, mas sim um panorama geral da carreira de Jack. É claro que o repertório não podia deixar de fora os principais clássicos, como “Sitting, Waiting, Wishing”, “I Got You”, “Upside Down”, “Banana Pancakes” e outros. Foram 28 músicas no set – incluindo dois covers – em duas horas de um show com uma energia super gostosa e genuína.

O experiente havaiano soube conduzir tudo trazendo uma experiência completamente única para sua plateia, a mais intimista possível. Até o visual despojado que ele e sua banda adotaram trouxe uma ideia de não se tratar de uma apresentação onde houvesse uma grande distância entre público e artista. De jeans, uma camisa cinza lisa e chinelos, Jack Johnson fez do show um grande ‘luau’ fechado. A atmosfera era a mais leve possível, como se fosse uma grande reunião de amigos que estivessem dispostos a bater um papo descontraído, curtir boa música e falar sobre amor ao próximo e ao planeta. Talvez seja difícil de visualizar para aqueles que são mais adeptos às super badaladas apresentações de cantoras pop, onde tudo é marcadinho, ou shows de grandes nomes do rock, onde pirotecnia e explosões parecem reinar. Esquece tudo isso. No Jack Johnson, tudo flui de maneira diferente. Mais orgânica até.

Os vocais suaves de Jack embalaram o público, que era em sua maioria formado por casais apaixonados, que se abraçavam, dançavam juntos e se declaravam em vários momentos do show. A iluminação e decoração do palco ajudavam a criar esse ‘ar’ mais íntimo e romântico. Nada de extravagâncias. No fundo e no teto do palco, redes de pesca e latinhas recicláveis se transformaram em um grande céu estrelado, como na praia de Honolulu, por conta da projeção e das luzes piscando. Como bom ativista ambiental que é, Jack Johnson fez questão de levantar a questão ‘sustentabilidade’ ao comentar sobre as luminárias que decoravam o espaço, todas recolhidas de lixos espalhados em praias do Havaí. Nota dez pra ele!

Jack Johnson! 💖 #jackjohnson #upsidedown #jeunessearena #rio #concert

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Em “Staple It Together / Whole Lotta Love”, uma abertura mais que especial – com a canção “Mais que Nada”, de Sérgio Mendes, encantou o público, que vibrou intensamente pela primeira vez. Na sequência, o hit “Sitting, Waiting, Wishing” e “Flake” mantiveram a boa interatividade das pessoas, que ajudavam a ritmar as canções com palmas compassadas. Nesse intervalo, Jack apresentou toda sua banda, composta por três músicos: Adam Topol na bateria, Merlo Podlewski no baixo e Zack Gill no piano. Zack foi o mais animado e desinibido de todos e chegou, inclusive, a mostrar sua habilidade ‘rebolando o bumbum’, como o próprio definiu, atendendo a pedidos de uma fã que levara um cartaz e estava próxima à grade.

Ainda no primeiro terço da apresentação, Jack apresentou sua versão para “Badfish”, um single da banda da década de 80 Sublime, não reconhecida por tantas pessoas que estavam ali. Em “At or With Me”, a galera mostrou o suingue brasileiro e resolveu dançar mais ‘coladinho’. Alguns optaram por pular. Mas foram “Breakdown”“I Got You”, “Upside Down”, “Belle” e “Banana Pancakes” que mais encantaram antes do bis. Não só por se tratarem de músicas com grande alcance na trajetória do músico, mas por toda sintonia trocada entre artista e público nestes momentos. Teve luzes de lanterna dos celulares acesas, Jack Johnson tocando gaita e ukulele. Em “Banana Pancakes”, teve até improviso em francês e português na intro da música. “Bonita. Meu amor, tudo bem? Fala comigo, meu amor!”, cantou com um sotaque pra lá de fofo. Muito amor!

Não foi a única interação que ele tentou fazer em português. Entre vários “Obrigados” e um “Boa noite”, surgiu um “Valeu” tipicamente carioca, para assobios e palmas da plateia. Os fãs, por sua vez, não economizaram nos cartazes. Um deles, inclusive, chamou a atenção de Jack, que pediu para levar consigo. “Esse é o melhor cartaz que eu já li em toda a minha vida”, disse o músico. Foi nessa hora que ele deu uma pausa na sessão acústica que acontecia no stage para tirar uma foto com uma fã e abraçar outra. Simpático na medida e confortável com todos os holofotes, ele retribuiu o carinho das pessoas que não pôde abraçar com sorrisos ou um high-five já no fim do show. Essa ‘vibe’ de paz e amor permeou toda a apresentação e foi a principal razão para o surfista com pinta de galã ter saído do palco com o dever cumprido e visivelmente satisfeito.

O bis, que foi composto por três grandes sucessos, incluiu uma surpresa: a canção “Times Like These”“Angel”, que não tinham sido apresentadas no Peru há poucos dias. “Do You Remember” e “Better Together” se juntaram à lista final, ambas aclamadas canções da carreira do havaiano. Com participação ativa das pessoas, que cantaram todos os refrões em alto e bom som – “Better Together” chegou a ter um trecho a capella -, ficou a certeza de que é possível encantar sem muita coisa.

Apenas uma é imprescindível:
Only good vibes!

Setlist:

1. You and Your Heart
2. Taylor
3. Staple It Together / Whole Lotta Love
4. Sitting, Waiting, Wishing
5. Flake
6. The Horizon Has Been Defeated
7. Badfish/Boss DJ
8. Inaudible Melodies
9. You Can’t Control It
10. My Mind Is For Sale
11. Tomorrow Morning
12. If I Had Eyes
13. Foxy Lady (The Jimi Hendrix Experience cover)
14. Good People
15. No Other Way
16. Breakdown
17. I Got You
18. Big Sur
19. Upside Down
20. Belle / Banana Pancakes
21. At or With Me
22. Shot Reverse Shot / I Wanna Be Your Boyfriend (cover Ramones)
23. Wasting Time
24. Bubble Toes
25. Mudfootball

Bis:

26. Do You Remember
27. Times Like These
28. Angel / Better Together

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