Hanson emociona fãs em apresentação intimista e nostálgica no RJ

Por: Danielle Barbosa
Foto: Ana Clara Carvalho/UDR

O trio de Oklahoma apresentou seus principais hits em 25 anos de carreira.

Taylor, Isaac e Zac Hanson – os três irmãos donos do hit-chiclete “MMMBop”, no fim da década de 90 e da romântica “Save Me”, nos anos 2000. Os músicos, que já estão na casa dos trinta e poucos anos, retornaram ao Brasil na última semana para uma série de shows pelo país que prometiam ser mais especiais do que os anteriores, afinal a banda completa 25 anos de vida em 2017. A última vez do Hanson no Brasil foi em 2013, com a turnê do álbum “Anthem”. Em 2015, a “Roots & Rock ‘N’ Roll Tour” se direcionou exclusivamente aos Estados Unidos.

O pontapé inicial da “Middle Of Everywhere 25th Anniversary World Tour” no Brasil se deu no Rio de Janeiro, no KM de Vantagens Hall, na última quinta-feira, 24. A expectativa gerada nos dias que antecederam o evento era grande, já que as performances nos EUA, Europa e México tinham repercutido de forma muito positiva, especialmente entre as fãs mais apaixonadas e fieis ao som dos meninos ao longo de mais de duas décadas de carreira e sete álbuns de estúdio lançados.

Vinte e cinco anos de história não é pra qualquer um e, sabendo disso, o trio de Tulsa soube compor muito bem o set da noite, que foi bastante extenso – 29 músicas no total – e passeou por momentos cruciais e determinantes na trajetória da banda, desde a infância, (pré-)adolescência e maturidade dos artistas. As fãs, em sua maioria mulheres, viveram um flashback desses mesmos períodos em suas vidas e a atmosfera nostálgica e intimista se instalou e perpetuou durante as duas horas de apresentação.

Foto: Ana Clara Carvalho/UDR

Com um pop-rock melódico e muito dançante – além de muita disposição dos músicos no palco -, o Hanson prendeu a atenção do público e conduziu o show no Rio com muita leveza, proporcionando um ambiente descontraído e feliz. Por onde se olhava, era possível ver grandes grupos de amigos(as) se deliciando com as músicas, pulando, se abraçando e fazendo coreografias marcadas, como se estivessem em uma celebração particular e com referências significativas para si mesmos(as) – na qual as músicas do Hanson fossem a trilha sonora desses momentos. Dava pra ver que todos os presentes ali tinham uma relação de proximidade com os irmãos e com sua obra bastante aflorada. Até cartazes de “Nós amamos o Hanson!” e blusas propondo casamento para Taylor e Isaac podiam ser encontradas ao andar pelo salão.

Simpáticos, carismáticos e com bastante presença de palco do começo ao fim, Taylor, Isaac e Zac foram os protagonistas da noite sem um brilhar mais do que o outro, como já era esperado. Ainda que Taylor lidere as interações com a plateia e sua voz seja a ‘principal’ na maioria das músicas, seus irmãos receberam o mesmo carinho, atenção e amor vindo dos(as) fãs, o que é raro de acontecer.

Cabe salientar, inclusive, que os irmãos sabem dividir os holofotes, se complementam e estão em sintonia tanto na parte instrumental – na maior parte do tempo Taylor no piano, Zac na bateria e Isaac na guitarra – quanto, principalmente, no timbre de suas vozes. Enquanto o tenor Taylor, que é o irmão do meio, encanta a plateia com a suavidade e os agudos precisos de sua voz, o responsável pelo tom que dá base mais ao fundo é o irmão mais velho, Isaac – que é o barítono da banda . O encaixe perfeito. Zac, por sua vez, compõe a linha melódica com seu timbre macio, ainda mais agudo e cheio de falsetes. Nas duas vezes em que o caçula saiu da bateria e foi para perto das meninas, elas foram ao delírio, conforme o planejado pelo grupo, é claro.

Ao vivo, a produção é ainda melhor do que no CD. Apesar de simples, o palco cumpriu sua função de trazer os fãs mais para o universo do show: o pano de fundo era padrão, com a logo do Hanson; já os equipamentos de iluminação – canhões de luz e refletores – adicionaram a pitada de elegância ao visual do show, pois uma quantidade extra destes estava fixada em uma vara de luz mais baixa do que o normal, no topo do palco; os tons de azul contornaram e predominaram na maior parte do tempo. Contrastando à simplicidade cenográfica, a parte musical estava bem servida: além das estrelas do show, mais dois bons músicos acompanhavam o grupo no baixo e guitarra-base.

Foto: Ana Clara Carvalho/UDR

Era impossível evitar o fangirling e histeria das fãs. “Already Home”, “Waiting for This” e “Where’s the Love” formaram a trinca inicial. Em “Thinking ‘Bout Somethin’”, “Runaway Run” e “This Time Around”, o público e os músicos já estavam entregues ao sentimento que compartilhavam, tanto que as canções foram acompanhadas por palmas e coro no refrão. Mas foi “Madeline” que impressionou mesmo e deixou claro por qual motivo os astros chegaram ao patamar que chegaram; talento é o que não falta. A música, do álbum de estreia do Hanson – o “Middle of Nowhere” (1997), foi cantada a capella pelos três.

“Juliet”, uma das mais românticas da noite, teve uma inversão de papeis: Taylor comandou a bateria e Zac assumiu os vocais. Já com lágrimas nos olhos, emocionadas e balançando as mãos no ritmo de baladinha da música, o relativamente pequeno quórum de público (cerca de 2.000 pessoas) fez bonito. “Obrigada por estarem aqui! Vocês nunca nos desapontam”, elogiou Taylor ao fim. Ele interagiu o máximo que pôde, contando inclusive como o Hanson voltou a ser independente, quando rompeu com a gravadora que os lançava no ano de 2003. Tudo o que o cantor de 34 anos falava parecia capturar a atenção das pessoas, que não desgrudavam os olhos do palco.

A sequência com “Strong Enough to Break”, “Penny and Me” e “Watch Over Me” antecedeu o momento mais especial da noite. “Save Me”, que não fez parte de nenhum dos outros shows dessa turnê, foi adicionada ao set exclusivamente para os brasileiros. O single, na verdade, substituiu “A Song to Sing”, que compôs os setlists do México e EUA. Segundo Isaac, essa música lembra uma das primeiras vezes deles no Brasil e não podia não ser tocada. Que fofo, né?! No palco, os irmãos abusavam dos vocais e do charme; na plateia, suspiros de paixão quase de forma unânime.

De “Save Me” em diante, o KM de Vantagens Hall foi literalmente uma balada, com o melhor do melhor da carreira do Hanson em termos de pop agitado. “I Was Born”, novo single de trabalho do grupo, foi o ápice da empolgação, com direito a balões brancos e vermelhos levados pelos fãs para colorir o show e surpreender os músicos. “Todos aqui nasceram para fazer algo que ninguém nunca fez”, introduziu Taylor à canção. “Cantem com o punho cerrado e com o coração”, pediu, e a brincadeira de balançar e jogar as bexigas de ar pro alto durou os 3:40 da música. A vibração e alegria transbordaram nesse instante, o que ficou claro quando os meninos – exceto Zac – resolveram ficar de pé pulando e chamando o público para sentir a energia.

Entre uma música e outra, um papo e outro, Taylor afirmou que estava muito feliz de estar no Rio e que essa era uma “grande noite” para eles, além de enfatizar que o principal objetivo da banda é conectar pessoas. Se tomado como parâmetro os sorrisos nos rostos das pessoas e tipo de público – amigos de longa data – parece que o propósito da música deles foi atingido com sucesso. E que sucesso!

“A Minute Without You”, “And I Waited”, “If Only”, “Fired Up” e “In the City” não ficaram de fora. Mas as meninas balançaram os quadris mesmo e aumentaram os gritos mesmo em “Get the Girl Back” e “MMMBop”, já mais pro fim do show. “Vocês querem ir pra casa? Tem certeza?”, provocou Taylor após mais de 1h40 de uma apresentação extremamente intensa e sem pausas. “Não”, é óbvio, responderam as fãs sacudindo a cabeça negativamente.

O bis, como sempre os irmãos fazem, concentrou-se em covers de artistas que inspiram os meninos e com uma pegada mais rock n’ roll: “Rockin’ Robin”, de Bobby Day, e “Johnny B Goode”, de Chuck Berry, fizeram os passinhos de dança de rock das décadas de 70/80 voltarem com tudo entre o público. Ninguém parecia se importar se sabia ou não dançar e – muito menos – reparava em quem estava ao lado. “Passar vergonha” não fazia parte do pensamento de ninguém. Pelo contrário, não houve mesquinharia na hora de se divertir e aproveitar o espetáculo. Os cariocas deram uma aula de recepção e alto astral.

Com “Lost Without Each Other” pra encerrar e a promessa de voltar ao país em breve, os irmãos Hanson se despediram sob muitos aplausos e gritos de “Lindos!”, “maravilhosos” e derivados. “Estamos ansiosos pela próxima vez, o que me dizem? É muito fácil! Se vocês voltarem, nós voltaremos!”, disse o trio para êxtase geral, ao sair do palco com mais uma chuva de agradecimentos e um “Obrigado” em português!
Voltem logo! A gente nunca pediu nada!

Setlist:
1. Already Home
2. Waiting for This
3. Where’s the Love
4. Look at You
5. Tragic Symphony
6. Thinking ‘Bout Somethin’
7. Runaway Run
8. This Time Around
9. Weird
10. Go
11. Madeline
12. Juliet
13. Strong Enough to Break
14. Penny & Me
15. Watch Over Me
16. Save Me
17. On and On
18. I Was Born
19. A Minute Without You
20. Get the Girl Back
21. Give a Little
22. And I Waited
23. MMMBop
24. If Only
25. Fired Up
26. In the City

BIS:
27. Rockin’ Robin (Bobby Day cover)
28. Johnny B. Goode (Chuck Berry cover)
29. Lost Without Each Other


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Fotos: Ana Clara Carvalho/UDR

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