Thirty Seconds to Mars faz show festivo, com set curto e dinâmico, no Rock in Rio

Por Danielle Barbosa
Foto: Fernando Schlaepfer/I Hate Flash

Banda da Califórnia abusou de cores, luzes e efeitos especiais no show do Rock in Rio

O 30 Seconds to Mars foi a penúltima atração do Rock in Rio 2017 neste domingo, 24. Com Jared Leto à frente e no comando de todas as ações do trio, o grupo ganhou muita projeção e visibilidade no cenário da música – especialmente no Brasil – após o lançamento do “Love, Lust, Faith + Dreams”, em maio de 2013, e a posterior aparição no Rock in Rio do mesmo ano, quatro meses depois. A apresentação da época foi tão elogiada e diferenciada das demais que houve até campanha para que os músicos voltassem ao festival na edição comemorativa de 30 anos, em 2015 – o que não aconteceu. O próprio Jared Leto incentivou os fãs na empreitada.

Quatro anos se passaram desde então e nenhum trabalho de estúdio foi lançado pela banda, apenas um single recém-distribuído em todas as plataformas digitais, “Walk On Water”. A pergunta que pairava no ar, portanto, era: o que de novo o 30STM trará ao palco agora, em 2017? Verdade seja dita, não teve grandes surpresas ou muitas coisas que já não estivessem no script e fossem aguardadas. O engraçado é perceber o quanto isso funciona super bem ainda! A presença dos três e as firulas feitas no palco já são certezas de grande entretenimento. Jared Leto é a festividade em pessoa. O frontman – e que frontman! – de 45 anos é incansável quando sua responsabilidade é a de entreter e parece muito confortável na função de centro das atenções.

Foto: Fernando Schlaepfer/I Hate Flash

O que chamou a atenção mesmo foi o figurino do cantor. Uma calça dourada cheia de brilho e uma blusa rosa igualmente chamativa, com uma túnica multicolorida por cima. Fora isso, muitos dos elementos que deram certo em 2013 foram novamente explorados, como a chuva de papeis picados e as bolas gigantes. O que provavelmente desapontou os fãs do 30 Seconds to Mars foi a redução do set, que tinha 13 músicas em 2013 e passou para apenas 9 músicas. Na setlist prévia divulgada há poucos minutos da apresentação pela banda, um dos momentos mais aguardados era o “cover tribute”, o qual todos supunham ser uma homenagem póstuma à Chester Bennington, amigo pessoal do vocalista do 30STM. Para decepção de todos, a música ficou de fora por falta de tempo.

Apesar de curto, o set foi bastante dinâmico – assim como a presença de palco de Jared Leto -, sempre pedindo para a multidão pular, bater palmas, gritar e acompanhá-lo nos longos coros de “oooh” presentes em quase todas as músicas. Logo de cara, uma inversão: “Up in the Air”, que encerrou a apresentação em 2013, foi a abertura deste ano. O microfone do cantor parecia baixo e as dificuldades técnicas de propagação do som afetaram certos momentos de comunicação entre o músico e o público durante o show da banda. Nada que o esforço do norte-americano não fizesse valer. “No três, quero que vocês abaixem devagar. Abaixem”, pediu, antes de provocar a primeira grande experiência de um show do Thirty Seconds to Mars: o pulo coletivo de milhares de pessoas.

Shannon Leto e Tomo Miličević são discretos quanto à aparecer para o público. Eles fazem – muito bem por sinal – apenas o seu trabalho, que é a música. Toda a condução do show fica nas mãos de Jared, que é um mestre de cerimônias nato e bastante carismático. “Kings and Queens” e “This Is War” vieram na sequência. Na primeira, o líder da banda brincou com a plateia e interagiu ao pegar uma tigela de açaí – algo que já ficou típico e característico dele quando vem ao Brasil – e tirou os óculos para “ver de perto todos os brasileiros”, exibindo seu belo par de olhos azuis. Tiro certo! Os fãs ficaram loucos e gritaram em histeria máxima. Em “This Is War”, os destaques foram a cortina de fumaça despejada e o impressionante coro de “Fight, fight, fight!” que ele fez com a multidão – todos, por sinal, com os punhos cerrados.

O diferencial da noite veio no single lançado este ano, “Walk On Water”. Com o pretexto de ensinar a canção para as pessoas, Jared emplacou mais um coro na intro da música. “Vocês sabem como nós amamos vocês?”, se derreteu antes dos primeiros acordes. “Melhores pessoas, melhor público e energia! Nós amamos muito vocês!”, finalizou, massageando o ego dos fãs que ali estavam, como todo bom artista deve fazer se quer ter o público para si. Jared Leto, que de bobo não tem nada, domina essa arte. Por ser a música mais morna do set – já que não ‘hitou’ ainda no Brasil – foi a vez do astro entrar em ação com todas as suas táticas de contagiar a multidão: foi para a galera que estava na grade e trouxe um convidado muito especial para o stage, o rapper brasileiro Projota. O paulista improvisou alguns versos e parecia mal conhecer a canção, provando que o convite foi uma surpresa até para si mesmo. O grito de “Foco, força e fé!” ecoou no Parque Olímpico e a figura de Jared Leto, fortalecida pelo agrado aos fãs.

O outro ponto alto veio após “Search and Destroy”. A tradicional pausa com “Pyres of Varanasi” sendo tocada de fundo aconteceu enquanto todos esperavam o grande momento da noite: o salto da tirolesa de Jared, que já tinha sido prometido pelo cantor e tinha acontecido em 2013. Tanta expectativa foi resumida em aproximadamente cinquenta segundos e um batalhão de seguranças protegendo o músico no trajeto de volta ao Palco Mundo. Passou tão rápido e foi tão protocolar que nem empolgou tanto, como da última vez. O fator do ‘inusitado’ talvez tenha sido o motivo de toda a reação mais acalorada da última vez. E fica uma constatação: o tempo usado para o salto (pré, durante e pós) dava pra incluir mais umas duas músicas no set, no mínimo. Será que valeu à pena?!

Gostando ou não, a tirolesa fazia parte e era peça fundamental da festa montada pelo 30 Seconds to Mars, que caminhou para a despedida com três grandes sucessos: “The Kill” – acústica -, “Do Or Die” e “Closer to the Edge”. Era a hora dos fãs brilharem e terem seu momento de glória perto da banda. Em “Do Or Die”, dois fãs foram convidados ao palco por Jared, um de São Paulo e outro do Rio de Janeiro, minutos antes do trio fazer a clássica foto em frente à multidão. “Batam palmas!”, “Gritem!”, “Cantem!”, pedia a todo instante o cantor, enquanto girava por todo o palco com a bandeira do Brasil em mãos.

O grand finale, com “Closer To The Edge”, deixou o gosto de ‘quero mais’ no ar. Enquanto instrumentais de “The Ocean”, Led Zeppelin, e “Cowboys From Hell”, Pantera, soavam ao fundo, Jared Leto selecionava uma pequena multidão para subir ao palco no hit, o que já é também de praxe. “No, no, no, no!”, novamente o coro com os punhos cerrados – assim como em “This Is War” – se repetiu. “Eu não consigo ouvi-los! Mais alto, vamos!”, provocava o rockstar. “Pulem, pulem, pulem!”, dizia em alguns trechos da música. Foi, definitivamente, o último esforço em trazer a experiência 30 Seconds to Mars para a plateia – e o músico não parecia cansado, mal tinha suado.

No palco, a festa foi real. Centenas de fãs, felizes, chorosos e vendo/interagindo com seu ídolo ali, bem de perto. Pode ser clichê, praxe ou repeteco do que eles sempre fazem – o clássico “mais do mesmo”, mas sempre funcionou, funciona vai funcionar. Fãs, afinal, gostam disso. De artistas que se empenham e despejam o máximo que têm de energia enquanto estão se apresentando. Pena, talvez, que tenha sido curto até demais.

“Rock in Rio, somos o 30 Seconds to Mars! Muito obrigado!”, se despediu Jared Leto, com uma chuva de papeis picados e alegria tomando conta de todo o ambiente.

Setlist:

1. Up in the Air
2. Kings and Queens
3. This Is War
4. Walk on Water
5. Search and Destroy
6. Pyres of Varanasi (Instrumental)
7. The Kill (Bury Me)
8. Do or Die
9. Closer to the Edge

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