The Maine encerra turnê no Rio com emoção e muita sintonia

Por: Daniella Barbosa
Foto: Ana Clara Carvalho/UDR

Os norte-americanos fecharam a “Lovely Little Lonely World Tour” na Cidade Maravilhosa.

O Circo Voador foi palco de mais um encontro emocionante no último domingo, 23. O The Maine, banda de rock alternativo liderada por John O’Callaghan, com Garrett Nickelsen (baixo), Pat Kirch (bateria), Kennedy Brock (guitarra e backing vocals) e Jared Monaco (guitarra) na composição, desembarcou no Brasil para uma agenda extensa de shows pelo país. A turnê começou em São Paulo e passou por Porto Alegre, Curitiba, Brasília, Belo Horizonte e fechou no Rio de Janeiro.

Essa foi a quinta vez dos rapazes no Brasil (2011, 2012, 2014, 2015 e 2017), o que explica o quão confortáveis eles estavam com o público. Os fãs, por sua vez, são bastante fieis, apaixonados e cheios de energia. Não teve um momento sequer que os meninos não receberam carinho vindo da plateia brasileira enquanto estiveram em terras tupiniquins. Fosse nos terminais dos aeroportos, no hotel ou em cima do palco, a definição da “Lovely Little Lonely World Tour” que passou por aqui é “muito amor!”

O mais legal de tudo é observar a reciprocidade, paixão e atenção com que o quinteto do Arizona se dedica à sua fanbase, fazendo com que haja uma real sintonia e vibração durante as apresentações. Com dez anos de carreira, seis álbuns de estúdio e vários hits que embalaram a pré-adolescência dos milhares de fãs que lotaram as casas de show nas seis capitais, o The Maine mostra ter ainda muito gás e amor pelo que faz. E não é difícil de identificar isso, basta prestar atenção nos largos sorrisos que eles distribuíram na semana que passaram por aqui e o discurso de gratidão que sempre fazem por poderem continuar tocando e produzindo música graças aos fãs.

A “Lovely Little Lonely Tour” no Rio: muita emoção, mas hits deixados de fora.

Foto: Ana Clara Carvalho/UDR

O Circo Voador abriu as portas para centenas de jovens já no fim da tarde, por volta das 17h, em virtude do Meet & Greet programado pela banda. O encontro para uma foto, abraço e/ou aperto de mão antes do show é característica das turnês do The Maine. Diferente da maioria dos artistas – que lucram cobrando pequenas fortunas por um meet – os meninos do The Maine não impõe nenhum custo ao fã que quiser participar do benefício. O acesso é garantido através do próprio ingresso: os primeiros que adquirissem ingressos para o show já automaticamente poderiam conhecer a banda. Uns amores!

Por se tratar de um domingo, toda a programação começou relativamente mais cedo do que é de costume em shows de rock. Os portões abriram as 18h30 e a banda de abertura fez uma rápida apresentação de 30 minutos. A atração principal estava por vir… E a casa? Lotada de pessoas e expectativa. Parecia a primeira vez dos meninos na cidade.

Pontualmente às 20h, o The Maine levou às meninas – público predominante da banda – à loucura. Histeria, palmas e um forte coro em “Lovely” e “Black Butterflies & Déjà Vu”, ambas faixas do novo álbum produzido pela banda. Logo de cara, a conexão artista x público aconteceu, transformando a hora e meia de show em algo prazeroso e singular, especialmente para quem estava vendo o grupo se apresentar pela primeira vez. John O’Callaghan, frontman do The Maine, aproveitou do entusiasmo das pessoas para fazer das quatro primeiras músicas uma grande festa. “Todos estão convidados!”, repetiu algumas vezes em “Am I Pretty?”, single do álbum “American Candy” (2015), chamando a galera pra pular e se divertir.

Dá pra ver que o clima entre os membros da banda é bastante propício para tornar a apresentação ativa e feliz. Os meninos brincam e interagem entre si no palco, trocando abraços e risadas. A atmosfera é tão positiva e contagiante que não há um lugar para onde se olhe sem que um grande grupo de amigos esteja cantando e compartilhando da experiência do show juntos, tanto na emoção quanto na ‘loucura’.

Foto: Ana Clara Carvalho/UDR

A iluminação, impecável, merece destaque, mas são as flores, símbolo do novo trabalho da banda, que compõem o visual da tour nos banners, fundo de palco e decoração ao redor da bateria de Pat. O look de John ao subir ao palco é igualmente florido, com um paletó e calça totalmente estampados e que foram usados em todos os sete shows da ronda brasileira da turnê. A situação gerou até uma piada por parte do cantor em Curitiba, dizendo que a roupa já não estava cheirando tão bem de tanto uso.

“Quem está vendo a gente pela primeira vez?”, perguntou o vocalista antes de “(Un)Lost”. Poucos levantaram as mãos, indicando que o maior coro dentro da casa era de rostos já conhecidos e fãs que já tinham visto a banda três, quatro e até cinco vezes. “Vocês querem se divertir com a gente?”, perguntou com um sorriso no rosto para uma resposta igualmente empolgada. “Todos somos a favor do amor aqui!”, finalizou o cantor e os guitarristas Garrett e Jared trocaram um beijo na bochecha, celebrando o clima descontraído e de amizade que por ali se espalhava.

As interações esse ano foram mais sucintas do que talvez os fãs do The Maine estivessem acostumados, mas foram objetivas e diretas ao ponto nos momentos em que se fizeram necessário. Completamente à vontade e dominando o palco, John fez de “My Heroine” um dos pontos altos da noite. O coro de “dada dadada” que acontece entre a ponte e o refrão na parte final da música foi acompanhado por uma casa lotada cantando e batendo palmas em perfeita sincronia! O músico até brincou com os fãs, fazendo gestos para que eles subissem ou diminuíssem o volume de vozes durante a canção, transformando o hit em um dos mais animados do show.

Simpatia é também uma qualidade presente nos norte-americanos. Nos momentos em que a energia estava no máximo e a banda se preocupava apenas em dar tudo de si, eles faziam questão de retribuir os sorrisos e apontar para as pessoas como forma de retribuir o carinho. “We All Roll Along”, por exemplo, marcou um momento bastante especial. A canção, do “Can’t Stop, Won’t Stop” (2008), menciona os números 8123* na letra, quando diz: “81, 23, means everything to me”. Os cariocas fizeram bonito ao trazer uma faixa com os dizeres: “with the 8123 family anywhere is home”, ou seja, “Com a família 8123, qualquer lugar é um lar.” Emocionados com a bastante significativa homenagem, os músicos só puderam agradecer e pegar o objeto para compor o cenário do palco e para a foto final, postada posteriormente em todas as redes sociais da banda.

*8123 era o número de um estacionamento em que a banda e seus amigos costumavam se encontrar.

A apresentação seguiu cheia de emoção e surpresas. “The Way We Talk” e “English Girls” elevaram os espíritos da galera, enquanto “How Do You Feel” trouxe um ar mais nostálgico e de reflexão. Nessa hora, o celular de uma menina foi parar na mão de John, que tirou algumas fotos da multidão e uma selfie para a fã levar de recordação. Que presente, hein?!

Foto: Ana Clara Carvalho/UDR

“Right Girl” e “Girls Do What They Want” compuseram o set de canções da época old school deles. Todos, é claro, cantaram a plenos pulmões e dançaram bastante. A escolha das músicas chamou bastante a atenção por deixar de fora grandes sucessos como “Misery”, “Love and Drugs” e o primeiro grande hit da banda, “Into Your Arms”. A estratégia de inovar e tocar músicas que não haviam feito parte da setlist de anos anteriores, no entanto, deu certo e nem parecia que a maior parte das músicas tinham dois anos ou até menos tempo de lançamento.

Emoção à flor da pele: fãs no palco, fim triunfal da turnê e mensagem de John ao público
O interessante quando se observa um show do The Maine é ver que – por mais que haja um roteiro para guiar a apresentação – não há um script e ensaio pré-definido do que vai acontecer. “Taxi”, que havia estreado ao vivo em Brasília (e portanto, não feito parte da setlist de Porto Alegre, Curitiba e São Paulo), também compôs o set no Rio no lugar de “Raining in Paris”. Apesar de não ter “ensaiado a música”, segundo John, os pedidos incessantes e gritos por “Taxi” fizeram a banda ceder e tocar a música – com o coro luxuoso e em uníssono dos fãs. “Take What You Can Carry” e “Run”, do “Forever Halloween” (2013) também alternaram no set entre as cidades.

O momento de maior emoção e importância do show aconteceu em “Girls Do What They Want”. Vitor, um fã da banda de longa data que veio de Maceió, foi trazido para o palco para cantar alguns versos da canção e conseguiu trazer sua amiga, que estava na grade, para subir ao palco junto dele. “Cuidado, calma, cuidado!”, repetiu John varias vezes (e até em português uma delas) conforme a menina subia ao palco – de maneira até perigosa em certo ponto. Os fãs, visivelmente extasiados, tiveram que abraçar o cantor e, em seguida, um a um do The Maine. Sempre solícitos, os músicos o fizeram com prazer. A proposta foi a seguinte: cada um tinha um verso na canção. Vitor ficou com “Boys do what they can”. Sua amiga, Mariane, “Girls do what they want”. Abraçados, eles encerraram a música em grande estilo com direito a um pulo à la rock n’ roll.

A trinca final veio com a sútil “Do You Remember? (The Other Half of 23)”, o grande hit do novo álbum, “Bad Behavior” e “Another Night On Mars”, uma canção que prega a amizade e bons sentimentos. A sensação de felicidade pairou no ar e foi mútua. Do lado de cima ou de fora do palco, banda e público exalavam satisfação com o que acabara de acontecer. Pelo lado do The Maine, dever cumprido e gratidão por tanto amor dos fãs. Os fãs, já com saudade e desejando um retorno dos músicos. No geral, um Circo Voador inteiro cantando os versos finais de “Another Night On Mars” à capella e entre abraços e beijos.

“Cuidem uns dos outros, sejam bons com vocês mesmos”. Essa foi a mensagem de John em nome de toda a banda ao se despedir, com um milhão de agradecimentos na ponta da língua e prometendo que voltará muito em breve ao país que sempre os acolhe com tanto amor e proporciona tantas lembranças inesquecíveis.

Setlist

1. Lovely
2. Black Butterflies & Déjà Vu
3. Am I Pretty?
4. Like We Did (Windows Down)
5. (Un)Lost
6. My Heroine
7. We All Roll Along
8. The Way We Talk
9. English Girls
10. How Do You Feel?
11. Take What You Can Carry
12. Lost in Nostalgia
13. Right Girl
14. Taxi
15. Girls Do What They Want
16. Diet Soda Society
17. Do You Remember? (The Other Half of 23)
18. Bad Behavior
19. Another Night on Mars


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