Rolling Stones no Rio: Banda britânica dá espetáculo e inflama público carioca

Por: Danielle Barbosa
Foto: Marcos de Paula/Staff Images
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“Quarteto londrino esbanja vitalidade em noite de muito rock ‘n’ roll.”

Dez anos após a histórica apresentação para cerca de 1,5 milhão de pessoas na Praia de Copacabana, os Stones voltaram ao Rio com a turnê “Olé” e em grande estilo: um show para mais de 60 mil pessoas após a nova reforma do Maracanã. A banda, que já produziu vinte e nove álbuns de estúdio (vendendo mais de 200 milhões de cópias) e é recordista de bilheteria, já passou pelo país em outras três oportunidades: 1995 – com a turnê “Voodoo Lounge”, em show também no Maracanã; 1998 – com a turnê “Bridges to Babylon”, no Sambódromo da Marquês de Sapucaí; e 2006, com a “A Bigger Bang Tour”, que culminou na aparição do Rolling Stones no Guinness Book como o show com maior público registrado até hoje: o espetáculo gratuito em Copacabana.

Com tantos números expressivos na carreira, a expectativa e ansiedade tanto do público como da imprensa não poderiam ser maiores. De que forma Mick Jagger e cia se apresentariam novamente para uma multidão gigantesca e insaciável? Os ingressos de preços acima da média do showbusiness esgotariam? O setlist contemplaria os hits que todos gostariam de ouvir? Que se tratava de uma grande produção, ninguém tinha dúvidas. No entanto, muitos foram os questionamentos no período pré-show, mas todos eles foram respondidos ao som dos primeiros acordes de “Start Me Up”, canção que abriu a noite de mais de duas horas de insanidade.

Nem o temporal que caiu na capital fluminense desanimou o público. Pelo contrário: foi um combustível que incendiou ainda mais a plateia – que se aglomerou nas grades que rodeavam o palco – ansiosa pela aparição da banda, dispondo de cartazes, camisas e bandeiras em homenagem ao grupo. Cerca de vinte minutos após o horário previsto, os Stones subiram ao palco e uma histeria ensurdecedora se instaurou na arena. Até a chuva deu uma trégua ao longo da apresentação, fazendo-se dispensável o uso de capas de proteção contra a chuva.

Foto: Marcos de Paula/Staff Images
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É “só” muito Rock ‘N’ Roll! E é o que todos queriam!

Os hits “It’s Only Rock ‘n’ Roll” e “Tumbling Dice” esquentaram de vez a noite. Na primeira, os fãs mandaram seu recado com o belíssimo coro de “I know, it’s only Rock ’n’ Roll but I like it”. E a banda gostou! “Oi Rio! E aí, cariocas? Exatamente há 10 anos nós tocamos em Copacabana. Que bom ver vocês de novo!”, disse Mick Jagger em seu primeiro dos muitos contatos com os fãs em português. O cantor, que também é famoso por seu gingado, abusou dos rebolados, expressões corporais e faciais – levando o público à loucura.

É importante destacar a diversidade entre as faixas etárias em meio à multidão. Havia famílias inteiras, jovens, casais e uma presença maciça de idosos – pessoas provenientes das gerações X, Y e Z. Todos reunidos por um único motivo: contemplar, admirar e curtir com extrema paixão o trabalho que Mick Jagger (vocais), Keith Richards (guitarra), Charlie Watts (bateria) e Ron Wood (guitarra) construíram ao longo de tantas décadas.

A rebeldia, a revolucionária atitude presente nas letras dos Stones, a sensualidade e o carisma ficam evidentes ao vê-los performar para multidões. E a recíproca é verdadeira. A agitação vinda do campo e das arquibancadas não diminuiu por um segundo. A empolgação dos cariocas foi tão intensa que os músicos fizeram questão de agradecer inúmeras vezes e retribuíram o carinho dos fãs com largos sorrisos nos rostos.

Com relação ao setlist, é impossível agradar a todos os pedidos de música dada a proporção os discos da banda alcançaram ao redor do mundo. Sabendo disso, os artistas encontraram uma solução inteligente e fizeram disso uma surpresa para os fãs: nesta tour, a cada show uma canção clássica do grupo é escolhida pelos fãs e tocada ao vivo. No Rio, a música escolhida foi “Like a Rolling Stone”, um cover feito da canção original de Bob Dylan. Nada mais sugestivo, não é?

Em meio à loucura, houve uma brecha para a banda tocar um som mais delicado e sempre no topo dos mais pedidos pela galera. “Angie”, que substituiu “Wild Horses” na setlist do Rio, trouxe nostalgia e um clima de romantismo para a apresentação. Vale lembrar que esse foi o momento mais calmo e de ânimos contidos da noite. E ficou nisso. A popular “Paint it Black” veio logo na sequência para reativar o modo insano da apresentação, com todos pulando e cantando a plenos pulmões. “Vocês cantam muito bem”, elogiou Mick Jagger.

Foto: Marcos de Paula/Staff Images
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Entre trocas de figurinos e instrumentos – que vale informar não ter sido um inconveniente para a atmosfera do show – a banda seguiu com seus grandes sucessos. Dentre eles, “Miss You”, “Gimme Shelter” e “Brown Sugar”. Mas antes, uma pausa para a situação mais bacana da noite: como de costume, Mick Jagger apresentou todos os músicos que o acompanhavam nesta turnê, com aplausos de pé e reconhecimento em especial para o trio: Ron Wood, Charlie Watts e Keith Richards, grande parceiro de Mick na maior parte das composições dos Stones. “É muito bom estar de volta”, disse Keith pouco antes de emendar “You Got the Silver” e “Before They Make Me Run” no comando dos vocais.

Dando continuidade, não poderiam faltar quatro das canções mais icônicas dos Stones: antes do bis, “Sympathy for the Devil” (acompanhada por um painel iluminado fazendo referência à música) e “Jumpin’ Jack Flash”. Já no bis, a grata presença do coral da PUC/Rio em “You Can’t Always Get What You Want” e, pra fechar com chave de ouro, “Satisfaction”. O maior hit dos Stones foi a música mais celebrada da apresentação e deu o tom da despedida, deixando um sentimento em comum a todos que estiveram presentes no Maracanã: entramos para a história de uma das bandas mais gloriosas do rock ‘n’ roll, chamada The Rolling Stones.

O triunfo é de todos nós!

É incrível o quão energéticos e cheios de atitude os Stones conseguem ser com mais de 40 anos de estrada no currículo. Além disso, há uma intimidade e sintonia entre público e músicos difícil de explicar. A cada riff de guitarra ou aproximação mais ousada do quarteto com os fãs, uma reação alucinada vinha do público.

No fim das contas, a sensação que ficou foi a de uma gigante partida de futebol, onde todos saíram vencendo. E não podia haver um mestre de cerimônias e maestro melhor que o vocalista de 72 anos, que regeu a orquestra de 66 mil pessoas em um único coro de vozes e estalar de palmas.

Setlist:
1. Start Me Up
2. It’s Only Rock ‘n’ Roll (But I Like It)
3. Tumbling Dice
4. Out of Control
5. Like a Rolling Stone (cover de Bob Dylan)
6. Doom and Gloom
7. Angie
8. Paint It Black
9. Honky Tonk Women
10. You Got the Silver (vocais de Keith Richards)
11. Before They Make Me Run (vocais de Keith Richards)
12. Midnight Rambler
13. Miss You
14. Gimme Shelter
15. Brown Sugar
16. Sympathy for the Devil
17. Jumpin’ Jack Flash
Bis:
19. You Can’t Always Get What You Want (com o coral da PUC-Rio)
20. (I Can’t Get No) Satisfaction

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