Queen faz show memorável e leva o público ao delírio na Cidade do Rock

Por: Danielle Barbosa

A primeira noite do Rock in Rio foi marcada por muito calor, rock ‘n roll,
emoção e um encontro de gerações.

Foto: Isabela Catão/Universodorock
Foto: Isabela Catão/Universodorock

A banda britânica Queen, recordista de vendas de discos ao redor do mundo e dona de uma invejável lista de hits no currículo, voltou para celebrar os 30 anos do Rock in Rio em grande estilo. Na primeira apresentação, em janeiro de 1985, o grupo ainda contava com a sua formação original, com Freddie Mercury nos vocais e piano. O cantor, idolatrado pelos fãs e admirado pelos amantes do bom e velho Rock ‘n Roll até hoje, influenciou milhares de jovens durante a década de 80 e se tornou um ícone devido à irreverência e entusiasmo que comandava os shows do palco.

Dentre os remanescentes da época, somente o guitarista Brian May e o baterista Roger Taylor seguiram carreira solo, em paralelo com concertos esporádicos com o Queen. Na turnê atual, a dupla decidiu confiar à honra de assumir os vocais ao músico Adam Lambert, vice campeão do American Idol em 2009. O cantor, que fez sua audição no reality com “Bohemian Rhapsody”, conquistou Brian e Roger e foi convidado para seguir em turnê com o grupo desde 2011.

Levando todos esses elementos em consideração, era fácil entender a ansiedade da plateia para rever uma apresentação do Queen, agora com um rapaz ‐ até então desconhecido por muitos ‐ com o microfone na mão. Apesar de toda expectativa, a desconfiança também pairava no ar. Entre os burburinhos, o que se ouvia era: “Quem é esse tal de Adam Lambert?”, “Ninguém se compara à Freddie Mercury” ou “Vim para ver o Brian e o Roger, mas vamos ver o que esse rapaz pode fazer…”

A expectativa terminou quando por volta de 0h30, com cerca de 30 minutos de atraso, o Queen subiu ao palco com “One Vision”, para delírio e histeria dos presentes na Cidade do Rock, localizada na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Logo de cara, o trio mostrou a que veio, com solos de guitarra na medida e agudos precisos do vocalista. O dinamismo e atitude rock ‘n roll também foram elementos que prevaleceram no início e durante toda a apresentação, o que sem dúvidas foi fundamental para acordar até mesmo aqueles que estavam cansados e com sono. “Rio, vocês são lindos. Lindos!”, disse o vocalista entre risos.

Foto: Isabela Catão/Universodorock
Foto: Isabela Catão/Universodorock

Pode ser clichê, mas o que faz um show sair do bom e previsível, do tradicional “feijão com arroz” para outro patamar é o quanto de energia os membros de uma banda doam para a apresentação. E isso não faltou na performance do Queen. Nem as inúmeras trocas de roupa entre as músicas desanimaram a galera, já que no palco sempre acontecia algo de interessante e que lhes chamava a atenção. Em um dado momento, o baterista Roger Taylor travou um duelo de solos com um dos integrantes que compõem a banda, arrancando aplausos e gritos dos presentes.

Voltando à apresentação, nenhum comentário além de excepcional descreve a vitalidade de Brian e Roger, mesmo após muitos anos de carreira e sucesso consolidado. Mas isso não é novidade. O mais interessante é que ainda há muita paixão de ambos pelo que fazem quando sobem em um palco, algo que fica evidente ao demonstrarem respeito e não serem indiferentes ao carinho dos fãs, retribuindo sempre com o melhor que podem fazer.

Com relação à participação de Adam Lambert, o músico fez valer o convite e deixou todos boquiabertos com sua extensão vocal, afinação e dinamismo. Se poucas horas antes de o show começar alguns temiam que a participação do cantor não fosse digna do Queen, não foi preciso a apresentação terminar para que a maioria reconhecesse a aplaudisse o talento do músico, que parecia muito honrado e feliz com a oportunidade de tocar para cerca de 85 mil pessoas em um festival que fez parte do histórico bem‐sucedido da banda. Não era uma substituição ao eterno Freddie Mercury e sim uma belíssima homenagem. Como o próprio músico demonstrou logo no começo do show, Freddie é uma de suas grandes influências e ele fez questão de dar espaço para que os integrantes da formação original da banda brilhassem em cena. Ao partir desse princípio, o artista não hesitou em convidar todos para que celebrassem a memória de Mercury nas próximas duas horas e foi prontamente atendido.

Embora a pressão fosse muito grande, a presença de espírito de Adam Lambert impressionou. O cantor, que parecia bem à vontade, abusou das caras e bocas, da teatralização em cima do palco e de agudos extendidos, marcas registradas do artista. Outro ponto bastante relacionado à personalidade do músico é a aptidão para a moda. Foram quatro ou cinco trocas de figurino, sendo todos muito estilosos e milimetricamente combinando com os sapatos e acessórios. Mas isso renderia uma outra matéria.

Foto: Isabela Catão/Universodorock
Foto: Isabela Catão/Universodorock

A setlist também passeou pelos grandes clássicos de duas décadas de banda. Dentre as principais da noite, foram tocadas “Don’t Stop Me Know”, “I Want to Break Free”, “Somebody to Love”, “A Kind of Magic” (cantada por Roger Taylor), “Under Pressure”, “Radio Gaga”, “I Want It All” e “Crazy Little Thing Called Love”. Houve espaço também para que Adam pudesse apresentar o seu novo single, a faixa “Ghost Town”, do álbum “The Original High”, com alguns arranjos modificados especialmente para os shows no Brasil.

Mas, é claro, a mais aguardada da noite não poderia passar em branco. A canção que ficou registrada entre os melhores momentos da história do Rock in Rio foi, novamente, o momento mais emocionante dessa edição. O sucesso “Love of My Life” foi cantado por Brian May e dezenas de milhares de pessoas como backing vocals. Na plateia, deu pra ver muitos casais se abraçando, pessoas emocionadas e cantando com o coração. O guitarrista do Queen aproveitou para dedicar a canção para Mercury e fez uma selfie com todo o público ao seu redor. (veja a selfie postada pelo artista aqui). “É uma sensação incrível voltar depois de 30 anos, estar aqui de novo no Brasil”, disse, sendo ovacionado pelos fãs.

Já na parte final das mais de duas horas de show, três das mais icônicas canções do Queen trouxeram o melhor para o fim. A Cidade do Rock entrou em êxtase logo após os primeiros acordes de “Bohemian Rhapsody”, cantada parcialmente por Lambert e o restante com trechos de Freddie no telão. Quiçá o momento mais empolgante do dia. Na sequência, a banda fechou com a animada “We Will Rock You”, com um mar de pessoas cerrando os punhos ao ecoar o refrão e “We Are the Champions”, talvez a melhor escolha realmente para encerrar uma noite grandiosa e memorável no Rock in Rio 2015. E o Adam, por sua vez, veio com traje de onça e uma coroa na cabeça. De fato, o cantor foi o rei da noite e fez valer o ingresso. “Rio, vocês são um excelente público, eu amo vocês!”, agradeceu o cantor, se juntando aos seus novos companheiros Bryan e Roger para um caloroso abraço e reverência ao público.

Esse foi mais um dos momentos que o Rock in Rio pôde nos proporcionar e que ficará marcado na memória daqueles que o vivenciaram e guardado sob a forma de registros em vídeo para as próximas gerações.

Viva o Queen! Viva o Rock ‘n Roll!

SETLIST QUEEN

1. One Vision
2. Stone Cold Crazy
3. Another One Bites the Dust
4. Fat Bottomed Girls
5. In the Lap of the Gods
6. Seven Seas of Rhye
7. Killer Queen
8. Don’t Stop Me Now
9. I Want To Break Free
10. Somebody to Love
11. Love of My Life
12. A Kind Of Magic
13. Drum Solo
14. Under Pressure
15. Save Me
16. Ghost Town (single Adam Lambert)
17. Who Wants to Live Forever
18. Guitar Solo
19. The Show Must Go On
20. I Want It All
21. Radio Gaga
22. Crazy Little Thing Called Love
23. Bohemian Rhapsody
24. We Will Rock You
25. We Are the Champions


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