Imagine Dragons entra em sintonia com o público em show lotado no Rio

Por: Danielle Barbosa

Foto/crédito: Néstor J. Beremblum / T4F
Foto/crédito: Néstor J. Beremblum / T4F

O Imagine Dragons, banda de indie rock de Las Vegas, Nevada, se entregou aos fãs e impressionou todos os presentes em show de casa cheia nesta quinta-feira (3) no Citibank Hall, na Barra da Tijuca. O quarteto é formado por Dan Reynolds (vocais), Ben McKee (baixo),Wayne Sermon (guitarra) e Daniel Platzman (bateria). A sinergia criada entre audiência e banda foi o destaque da noite.

Já pelo início da noite, fãs se acomodavam em filas enormes – dando voltas no estacionamento do shopping. Mas isso não desanimou nem um pouco esse público, que demonstrava muita ansiedade em ter o primeiro contato com a banda, uma vez que esta é a turnê de estreia do grupo no país. Pelo contrário: A energia do público era tamanha que nem a fila os desanimou.

A noite começou com a abertura da banda ‘Selvagens à procura de lei’, que fez uma boa apresentação e aqueceu bem a platéia para o que estava por vir. O cover da clássica música da Legião Urbana, “Geração Coca-Cola”, foi acompanhado com palmas e todos dentro da casa cantaram junto com os jovens cearenses.

Por volta das 22h, os americanos do Imagine Dragons subiram ao palco com a música “Fallen”(do álbum Night Visions) e levaram os fãs à loucura. A plateia, composta principalmente por adolescentes e jovens, reagiu com gritos histéricos, alguns choravam e outros cantavam cada nota o mais alto que podiam, sempre acompanhando as batidas instrumentais com palmas. A apresentação foi marcada por muito calor humano e sentimento de ambas as partes, o que deixava claro que o encontro era esperado com expectativa não só pelos fãs – mas também pelo quarteto.

O grupo, que estourou pelo mundo inteiro após o lançamento de seu primeiro álbum de estúdio em 2012 com os singles “Radioactive”, “Demons” e “It’s Time”, parecia não acreditar no que via em sua frente: fãs visivelmente emocionados e com as letras na ponta da língua, além de uma empolgação contagiante. E a recíproca foi verdadeira! Juras de amor eram trocadas dos dois lados: se por um lado os fãs entoavam coros de “We love you!” a todo instante, o vocalista devolvia com sorrisos, acenos, beijos e, também, levantou a bandeira do Brasil como forma de demonstrar carinho, desculpando-se logo após pela demora em vir ao país e prometendo que viria sempre e em breve a partir de agora.

Dan Reynolds, vocalista da banda, manteve um contato muito próximo dos fãs e demonstrou muito carisma e simpatia, além de muito dinamismo no palco. Antes de iniciar a música “Tiptoe”, contou que todos do grupo estavam muito ansiosos por sua primeira experiência em terras tupiniquins, pois sempre ouviam falar muito bem do Brasil e de seu povo. “Vocês são incríveis!”, repetiu diversas vezes ao longo do show.

Na sequência, a banda tocou “Hear Me”, e foi surpreendida por um grupo de fãs, que organizou cartazes com a frase “We can hear you” (“Nós ouvimos vocês”), em resposta à um trecho do refrão da música que questiona isso, “Can nobody hear me?”.

Foto/crédito: Néstor J. Beremblum / T4F
Foto/crédito: Néstor J. Beremblum / T4F

 

O show seguiu em alto nível e muita sintonia entre banda-audiência com o hit “It’s Time” e“Who We Are” e parecia não haver cansaço que incomodasse mais naquele momento. A banda ainda encontrou um espaço na setlist, como sempre faz, para relembrar os tempos em que faziam covers de bandas em sua cidade. A escolhida foi a famosa “Tom Sawyer”, do Rush.

A devoção com que os fãs respondiam cada contato da banda e se emocionavam foi notória. Em contraponto, os americanos seguiram com uma apresentação intensa até o final, demonstrando uma excelente presença de palco e intimidade com os fãs cariocas – que não conheciam até então. Outro ponto de destaque foi a incredulidade com que o grupo olhava, a todo instante, para o público, em razão da animação, receptividade e quantidade de pessoas que estavam ali por eles, para eles e se entregando de corpo e alma a cada música.

Para tanto, o vocalista fez questão de agradecer inúmeras vezes a plateia pelo apoio e por ter feito com que sentissem em casa na primeira vez aqui. Dan acrescentou dizendo que este foi um dos melhores shows que a banda já fez e que o público brasileiro é o melhor de todos.

Em meio a falsetes, solos de guitarra e elementos de percussão, a apresentação seguiu para um momento mais melancólico. A banda dedicou a música “30 lives” para Tyler Robson, fã da banda que lutou por dois anos contra o câncer e faleceu no ano passado e vem sendo homenageado desde então. Dan ainda completou dizendo que o jovem os trouxe uma grande lição e que, apesar de todos terem problemas, estavam ali e vivos e que isso era motivo de inspiração. A multidão respondeu com gritos de “Tyler, Tyler” e o som – cantado em uma versão mais íntima (banquinho e violão) – foi acompanhado com o balançar de mãos da plateia e muitas lágrimas e comoção.

Após um momento mais reflexivo e comovente, a banda voltou a empolgar a multidão, entoando seus principais hits em uma sequência que não deixou ninguém parado. Os fãs soltaram a voz e pularam ao som de “Demons”, seguida por “On Top of the World” e “Radioactive”, com direito a balões gigantes e uma festa de papeis picados. O som dos bumbos + a agitação impossível de conter dos adolescentes fez a casa de shows ir abaixo. Um momento que vai ficar guardado na memória de todos que presenciaram, certamente.

O público pediu e a banda atendeu: Dan, Wayne, Ben e Daniel voltaram com um bis pra ninguém botar defeito. Encerraram a apresentação na cidade com “Bleeding Out” e “Nothing Left to Say”.

Foto/crédito: Néstor J. Beremblum / T4F
Foto/crédito: Néstor J. Beremblum / T4F

Futebol e a relação com o país:

Mostrando-se muito confortável com a situação e público, Dan contou algumas histórias interessantes que tem, desde pequeno, com o país, apontando estas como um dos principais motivos de seu amor pelo Brasil.

O pai do vocalista foi a principal influência que tinha daqui. Dan conta que, por seu pai morado aqui durante dois anos, sempre ouvia o quanto as pessoas eram gentis e a comida era boa. Além disso, fez do Brasil o seu país referência para um trabalho escolar enquanto estudava na 2ª série e tinha apenas 8 anos de idade e, sendo assim, mal via a hora de realmente sentir na pele o carinho desse povo e que, apesar de seu pai não estar ali presente, estava vivenciando tudo que ouvira anteriormente.

O compositor também fez menção ao nosso futebol, dizendo que é um grande fã da seleção brasileira – a qual disse ser a melhor do mundo – e que sempre jogava Fifa no videogame quando menor e optava pela verde e amarela, arriscando nomes de alguns dos jogadores brasileiros mais famosos, como Pelé, Romário e Bebeto. Com uma dose de sotaque, é claro!

CONCLUSÃO:
Apesar de nenhuma superprodução no cenário, a banda trouxe todos os elementos necessários para fazer um grande espetáculo: animação, afinação entre a banda, sintonia com o público, presença de palco, jogo de luzes impecável, simpatia e muito carisma e, além de tudo isso, elementos instrumentais e solos que renderam aplausos.

Ambas as partes saíram, com toda certeza, satisfeitas e felizes com o que foi apresentado. O Imagine Dragons é uma banda que conquista seu espaço e atrai cada vez mais olhares desse público jovem e, se depender da entrega da banda, do gingado do vocalista e da paixão de seus fãs, tem um futuro muito promissor e prováveis retornos à cidade devem estar em pauta.
O Imagine Dragons se apresenta ainda no Lollapalooza no sábado (5), mesmo dia em que as bandas Muse e Nine Inch Nails sobem ao palco.

SETLIST:
Fallen
Tiptoe
Hear Me
It’s Time
Who We Are
Tom Sawyer (Rush cover)
Amsterdam
Rocks
The River
Cha-Ching (till we grow older)
30 Lives
Demons
On Top of the World
Radioactive

bis:
Bleeding Out
Nothing Left to Say

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