Garbage faz show encantador e poderoso em São Paulo

Por: Juliane Assis
Foto: Camila Cara/Liga a Música

A banda norte-americana Garbage, formada em 1993 por Shirley Manson (vocal), Butch Vig (bateria) – que foi substituído por Eric Gardner temporariamente na turnê Sul-Americana – Steve Marker (guitarra/teclado), Duke Erikson (guitarra/teclado) e Eric Avery (baixo), se apresentou no último sábado, dia 10, na casa de shows Tropical Butatã na capital Paulista. O grupo, que está rodando o mundo na turnê de divulgação do seu último álbum o “Strange Little Birds”, contou também com a presença da banda de abertura brasileira Far From Alaska.

Parece que as tardes chuvosas de trânsito na capital estão dando bons resultados. A casa de shows num dos bairros mais tradicionais de São Paulo ficaria pequena naquela noite para o que a reservava. O local foi ficando cada vez mais lotado a medida que a banda de abertura o “Far From Alaska” tocava, eles contavam muito agradecidos como o Garbage, e em especial a Shirley Manson, o ajudaram a seguir com a carreira e torna-la possível, nem eles pareciam acreditar no que estava acontecendo ali.

O Garbage entrou com apenas três minutos de atraso e se deparou com a casa lotada, e com seus fãs fiéis que acompanham a banda a muito tempo. Introduzida pelos famosos efeitos eletrônicos tão usados pela banda, a música que abre o show “Supervixen”, é muito bem recebida, o single do primeiro álbum, é levada pelas palmas sincronizadas e pelos cantos em coro de todos. A vocalista anda para todos os lados e interpreta a música junto ao vento que bate em seus cabelos e torna tudo mais encantador.

Foto: Camila Cara/Liga a Música

Apenas os acordes iniciais foram necessários para tirar gritos de todos, que levantaram seus braços e começaram a cantar “I Think i´m Paranoid” junto á vocalista, esta que em muitos momentos direcionou o microfone para a plateia e deixou que eles cantassem e se deixou ser levada pela emoção que aquele coro a proporcionava. Até os solos eram cantados, e ao final da música a última frase – “As long as I want you baby it’s alright” (Desde que eu te queira baby, está tudo certo) – foi proferida pelo público em sincronia não só com a vocalista, mas com todos os outros instrumentos.

Agora, em “Stupid Girl” já nos primeiros segundos, ou seja, naqueles quatro segundos iniciais da música que a guitarra distorcida fica em foco junto a bateria, o público já estava batendo palmas no ritmo da batida, palmas essas requisitadas pelo guitarrista, Duke Erikson. Já Shirley Manson dançava jogando o cabelo para os lados e agitava a galera com vários “Lets go Boys!” (Vamos lá garotos). Assim o show segue com “Automatic Systematic Habit” que abusa dos elementos eletrônicos, vozes robóticas, guitarras e teclados distorcidos.

Em “Blood for Poppies” demonstra acordes fortes de guitarra e a singela batida da bateria que segue junto da voz, meio cantada meio falada em versos, e o público parece conversar junto com a cantora. Então Manson tira uns momentos para agradecer ao público, dizer que o país é maravilhoso, contar como conheceram a banda de abertura, e como mesmo depois 20 anos de estrada eles ainda amam o que fazem. “The Trick Is To Keep Breathing” traz ao ambiente calmaria, e as habilidades de todos os integrantes de transitar em diferentes ritmos musicais foram espetacularmente executadas.

Foto: Camila Cara/Liga a Música

“Vocês sabem que nós estamos vivendo em tempos engraçados, né? E todos estão apontando dedos, e eu não sei… mas eu só queria que todo mundo soubesse que “Sex is not the enemy”; assim a vocalista de origem escocesa introduz um dos maiores clássicos da banda, levando todos a loucura, pulando, dançando. A música conta com um solo magnifico, e Manson pulava de braços abertos e brincava com o guitarrista, Steve Marker, fazendo giros no ar com os braços, além de passar o microfone para o público cantar sozinho o verso “Sex is not the enemy”, no final ela fala um desajeitado “Obrigado” em português.

Em “Blackout” tudo realmente fez jus ao nome da música, o cenário todo preto, com apenas algumas luzes brancas que realçam as sombras dos integrantes, a vocalista anda calmamente e sente a música, que faz parte do último álbum lançado o “Strange Little Birds”. Continuando com as músicas do disco mais recente, a empoderadora “Magnetized” é tocada seguida por um lindo coro no refrão, e Manson agradece novamente com um “Thank you so much” (Muito obrigada). Outras músicas do cd lançado este ano também foram tocadas como a melódica “Even Though Our Love Is Doomed”, onde a vocalista cantou com os olhos tampados pelo braço; “Night Drive Loneliness” que contou com uma performance dramática e emotiva da frontwomen rente ao chão, e por fim, “Empty” que fez parte do bis.

“Special”, composição do segundo álbum de estúdio da banda, contou com um acompanhamento total por parte do público, e no final a vocalista elogia a todos falando “Your fucking alive” (Vocês são animados pra caralho).

“#1 Crush” é introduzida com os característicos gemidos, e tudo fica com um clima misterioso seguido pelo coro de centenas de vozes que acompanham cada frase. Shirley pega o microfone novamente para conversar com o público, se desculpa por não conseguir falar português, mas que consegue falar pelo menos um “obrigado” e conta que não se sente “cool” (legal) que nem os grandes rock stars frontmens, mas é interrompida pelo mar de fãs que gritam “You´re cool” (você é legal) repetidas vezes.

Foto: Camila Cara/Liga a Música

“Why Do You Love Me”, uma dos clássicos da banda, lançado em 2005 no álbum “Bleed Like Me”, é recebida com enormes alvoroços e todos acompanham emocionados e extasiados. Ainda deste álbum, a música que leva o mesmo nome do disco, é introduzida como uma música muito especial, e fala sobre a filosofia que eles incorporam no grupo, de que existem tantas pessoas que se deixam levam pelo desespero de não serem perfeitos o suficiente, como diria o presidente recém-eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. E a vocalista dedica à música a todos os “malucos” que estão aqui esta noite.

Shirley dá um show de interpretações nas músicas, como pode ser visto em “Shut Your Mouth” onde a música é mais falada do que cantada, na música o vocal também conta com vários elementos eletrônicos realizados por Steve nos teclados, e que precedem o refrão. Manson deita no chão, rola, esperneia, pula e interage com o público como ninguém, entretanto na poderosa “Vow” esse clima se quebrou, pois alguém jogou uma peruca rosa no rosto da vocalista, que não parou de cantar, mas se manteve em choque por alguns segundos. Um dos maiores singles da banda “Only Happy When It Rains” o hino emo de uma geração inteira foi tocado com uma versão mais lenta, e que só chamou a atenção dos fãs quando a primeira frase foi cantada, Shirley cantou a música de costas para o palco, e quando se  desvirou bexigas foram jogadas no ar e nesse clima de despedida e trabalho cumprido Shirley rege centenas de pessoas refrão.

O show parecia estar terminando quando outro clássico foi tocado, “Push It” música do segundo álbum da banda, fez almas saírem para flutuar no ar em formato de versos, o refrão foi cantado por todos com tanta emoção, força e animação, e a energia presente era incrível. Shirley no auge dos seus 50 anos pulava sem parar. Ao final os integrantes saíram do palco, mas o público ainda não parecia satisfeito, e continuou batendo palmas e chamando a banda.

Então eles voltaram, para encerrar este show incrível, com um bis mais incrível ainda. Shirley simpaticamente agradece pela recepção extraordinária, e dedica à próxima música á comunidade LGBT; então “Queer” é tocada. Logo após “Empty”, um dos singles do último álbum, é apresentada e o público reagiu maravilhosamente, todos ali sabiam cada acorde da música.

E infelizmente uma noite mágica estava chegando ao seu fim, mas a surpresa final foi além das expectativas, “Cherry Lips (Go Baby Go!)”, todos cantavam completando os versos da vocalista, num dueto lindo, cada segundo da última música foi sentido emocionalmente e fisicamente tanto pelos músicos quanto por quem pagou o ingresso. Então eles se despediram, agradeceram e saíram do palco, enquanto o público sairia da casa de shows já com saudades, cantarolando as músicas pelas ruas de São Paulo, até o metrô Butatã.

Tracklist:
1 – Supervixen
2 – I Think I’m Paranoid
3 – Stupid Girl
4 – Automatic Systematic Habit
5 – Blood for Poppies
6 – The Trick Is to Keep Breathing
7 – Sex Is Not the Enemy
8 – Blackout
9 – Magnetized
10 – Special
11 – #1 Crush
12 – Even Though Our Love Is Doomed
13 – Why Do You Love Me
14 – Night Drive Loneliness
15 – Bleed Like Me
16 – Shut Your Mouth
17 – Vow
18 – Only Happy When It Rains
19 – Push It
Bis:
20 – Queer
21 – Empty
22 – Cherry Lips (Go Baby Go!)

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*