Apesar de conflitos, Renaissance faz show memorável para casa lotada

Por: Danielle Barbosa
Foto: Ana Clara Carvalho/UDR

A banda de rock progressivo britânica tocou seus principais clássicos para uma plateia homogênea

A última sexta-feira (26) foi marcada por um show dedicado ao público mais velho, em sua maioria da geração de 70 e 80. O Vivo Rio, localizado no Centro do Rio, negociou e organizou a vinda do Renaissance, uma das bandas mais populares do Reino Unido de rock progressivo. A iniciativa faz parte de um projeto da casa de shows em trazer bandas de rock que marcaram uma geração e não são tão lembradas assim pelas grandes produtoras; outro caso emblemático é a vinda do 10.000 Maniacs ao Rio na próxima sexta-feira (02). Segundo a produção do Vivo Rio, foi “um sonho tê-los aqui e queremos fazer que esse sonho continue”

Com os vocais impecáveis de Annie Haslam e sua liderança à frente do grupo, o Renaissance conquistou o mundo com sucessos como “Let It Grow” e “Ashes Are Burning” e é considerada, ao lado de nomes como Pink Floyd e Genesis, uma das melhores bandas do gênero musical da época. A influência do som deles na vida das cerca de 4 mil pessoas que lotaram a casa é tão forte que o frisson e energia trocada entre público e artistas foi magia pura! Era possível observar nas mesas que estavam dispostas pelo salão filhos e netos dos fãs de origem da banda e que foram influenciados por seus familiares a ouvir e curtir o som dos músicos.

A formação, é bem verdade, já mudou uma infinidade de vezes e então a única grande referência para os fãs recai na figura da bela e elegante senhora de cabelos loiros, dona de uma voz de dar inveja e presença de palco igualmente impactante. Desde 1972 na banda, Annie Haslam participou da produção de 14 dos 16 álbuns de estúdio e de todas as compilações especiais e ao vivo lançados. A identidade lírica e sonora do Renaissance está atrelada à vivência artística da vocalista, que – cá pra nós – respira arte: é pintora, escreve e tem um estúdio cheio de composições e quadros espalhados, como ela mesma descreveu.

O show:

Foto: Ana Clara Carvalho/UDR

Com pouco mais de 20 minutos de atraso, o Renaissance subiu ao palco do Vivo Rio apenas com o instrumental de “Prologue”, para delírio do público. Não parecia um show mais ‘tranquilo’ que as cadeiras e mesas sugeriam – e de fato não foi! A empolgação com que as pessoas – em sua maioria de faixa etária após os 50 anos – receberam os artistas parecia até se tratar de uma apresentação pop teen da geração Z. A expectativa era enorme, afinal para a maioria dos fãs era a primeira vez em contato com a grande musa Annie Haslam, que nunca havia vindo ao país em turnê com o Renaissance – apenas para show solo no ex-Metropolitan, no ano de 1998.

Para celebrar “Carpet of the Sun”, segunda faixa da setlist, muita gente chegou, inclusive, a se levantar das cadeiras e aplaudir de pé no fim, como uma maneira de ovacionar o que estavam presenciando ao vivo. O espetáculo seguiu seu curso natural e a frontwoman do Renaissance, sempre bastante simpática e afável, fez questão de ter longos diálogos com a plateia, contando um pouco mais de sua inspiração para compor as músicas, de onde surgiram as ideias, dentre outras curiosidades que todo fã ama saber. Um bom exemplo foi a história por detrás da canção “Symphony of Light”, a qual descreveu sendo uma homenagem ao pintor Leonardo da Vinci, o seu favorito. Curiosamente, Da Vinci, o autor da icônica Monalisa, foi um pintor renascentista; O nome da banda, Renaisssance, faz referência a este popular movimento estético que teve na região da Toscana, na Itália, um de seus pilares entre os séculos XIV e XVI. Isso explica, também, as canções em italiano do grupo.

A produção, bastante simples, peca pela iluminação desalinhada se for comparado aos grandes shows de atualmente. O que acontece em cima do palco, no entanto, compensa. A extensão vocal de uma original e clássica soprano impressiona e arrepia do início ao fim da apresentação. É impossível ficar alheio ao talento – não só de Annie – mas de toda a banda, que fez um agrado ao público e cada um dos membros do Renaissance se apresentou individualmente após “Sounds of the Sea”.

Mais do que merecido!

Setlist
1. Intro
2. Prologue
3. Carpet of the Sun
4. Ocean Gypsy
5. Grandine Il Vento
6. Symphony of Light
7. Let It Grow
8. Mother Russia
9. The Mystic and the Muse
10. Sounds of the Sea
11. A Song for All Seasons
BIS:
12. Quiet Nights (Antônio Carlos Jobim cover) (versão em inglês de “Corcovado”)
13. Ashes Are Burning


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