36 Crazyfists faz som pesado em apresentação única na capital paulista

Por: Renata Pen
Foto: Flavio Santiago/Onstage
Foto: Flavio Santiago/Onstage

A banda norte-americana de nu-metal agitou os fãs que foram ao Clash Club

A noite do último domingo (02) marcou história para os fieis seguidores do rock hardcore/nu metal moderno: era a primeira (e única) apresentação do 36 Crazyfists em solo brasileiro e a cidade a receber de braços abertos os roqueiros foi São Paulo, terra que sempre abre espaço para grupos menos ‘badalados’ e apoia a cena rock ‘n roll.

E para dar um toque ainda mais especial para o show, o Clash Club – palco escolhido pela produção e artistas – trouxe uma ‘vibe’ intimista para esse primeiro encontro entre público e banda. A empolgação e ansiedade dos fãs antes de os músicos subirem ao palco deixou claro que essa vinda ao Brasil já tinha passado da hora de acontecer. Vale mencionar que a passagem do grupo pelo Brasil se deve a um projeto itinerante da HonorSounds, que oferece a artistas alternativos a chance de organizar eventos dentro de um espaço ‘mainstream’ com estrutura e atuação no âmbito social.

Ativos no cenário da música desde 1994 e representantes dessa vertente mais pesada do rock, Brock Lindow (vocais), Steve Holt (guitarra), Mick Whitney (baixo) e Kyle Baltus (bateria) já lançaram sete álbuns de estúdio, quatro EPs e um DVD, sendo o álbum “Time and Trauma” (2015) o mais recente trabalho produzido por eles e que serve de base para a atual turnê. É importante ressaltar que dentre os membros do 36 Crazyfists, apenas o vocalista Brock e o guitarrista Steve tocam desde a formação original.

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Foto: Flavio Santiago/Onstage

Mas, de onde vêm o nome 36 Crazyfists?
O nome da banda vem de um filme do famoso ator de Hong Kong Jackie Chan, que se chama “The 36 Crazy Fists” em inglês e foi lançado em 1977. Não precisa nem dizer que Brock e Steve são fãs de Chan, né?

O show:
A abertura da atração principal ficou nas mãos das bandas brasileiras Abstrato ZK + Lado B e Choldra. A primeira trouxe um rap com temáticas como família, disciplina e fé abordadas em suas letras. A segunda era um mix de rap, hip hop e metalcore que foi capaz de aquecer bem o público. Ambas trazem em seu som elementos condizentes com a proposta do 36 Crazyfists e talvez por isso os artistas tenham sido tão bem recebidos pelos fãs paulistas.

Durante o intervalo dos shows, o vocalista do 36 Crazyfists, Brock Lindow, foi para a pista e até tentou dar uma volta pelo local, mas logo que as pessoas o reconheceram, foi impossível caminhar muito mais sem parar para tirar “selfies” ou cumprimentar os fãs. Super humilde e solícito, o cantor já ganhou o público pra si só pela atitude inesperada!

Pouco após as 21h30, era a vez dos rapazes do 36 Crazyfists serem ovacionados pelos fãs – sedentos pelos hits emplacados em mais de 20 anos de estrada – e retribuírem com um som bem pesado já nos primeiros acordes. Finalmente, a espera tinha acabado! “Vanish”, faixa de abertura do “Time and Trauma” (2015), seguida sem pausas por “I’ll Go Until My Heart Stops”, do “Rest Inside the Flames” (2006) e “At the End of August”, do álbum “A Snow Capped Romance” (2004). Só nessas três músicas, quinze anos de trajetória do grupo de nu-metal percorrida, o sonho de qualquer fã virando realidade. A bem planejada setlist contemplou os principais sucesso do grupo, o que foi um presente e tanto para os que esperaram tanto tempo para ver os americanos.

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Foto: Flavio Santiago/Onstage

O clima era de muito entusiasmo e inquietude, com direito a galera subir ao palco deliberadamente pra ocupar o microfone ao lado de Brock em “Vanish”. Não podiam faltar também os tradicionais mosh pits e pessoas balançando a cabeça e fazendo o símbolo de rock com os dedos. A banda, por sua vez, não decepcionou em nenhum momento. Riffs precisos, diálogos na medida certa e muita energia e presença de espírito no palco. Nada perto da frieza do Alasca, estado de origem da banda.

A segunda leva de músicas traduziu o que é o verdadeiro heavy metal, com canções que ecoavam a uma distância considerável do palco, screamos exuberantes de Brock e mais ‘rodinhas’ punk rolando entre o público. Dentre as faixas da setlist, estavam “The Heart and the Shape”, “We Gave It Hell”, “Sorrow Sings”, “Turns to Ashes”, “The Great Descent”, “Bloodwork”, e a música que intitula o novo disco, “Time and Trauma”. Em todas elas, o peso das guitarras e o compasso bem marcado do baixo foram acompanhados por uma galera alvoroçada cantando a plenos pulmões.

Logo após “Time and Trauma”, parecia que o show tinha chegado ao fim, mas o público não arredou pé do Clash Club até os músicos voltarem com força total para o bis. Em “Destroy the Map”, um fã foi convidado ao palco para cantar junto com toda a banda e o ‘gran finale’ veio com “Slit Wrist Theory”, primeiro single já lançado pelo Crazyfists (em 2002) e provavelmente o som mais popular do quarteto.

Foi uma noite incrível e cheia de emoções! Ao público, um show de qualidade técnica, entrega e pensado com muito cuidado para agradar – se não a todos – a grande maioria. Aos artistas, a sensação de dever cumprido e a surpresa com tanto carinho dos paulistas.

Ficou a certeza pro 36 Crazyfists que eles já podem, sem dúvidas, planejar uma nova apresentação no país e cumprir a promessa do vocalista Brock de retornar em breve!

Setlist:

Vanish
I’ll Go Until My Heart Stops
At the End of August
The Heart and the Shape
We Gave It Hell
Sorrow Sings
Turns to Ashes
Skin and Atmosphere
Reviver
The Great Descent
Bloodwork
Also Am I
Time and Trauma
Bis:
Circle The Drain
Destroy the Map
Slit Wrist Theory

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